Sobre o autor

Francisco Soriano de Souza Nunes (12/08/1943), escritor e economista, é mineiro de Teófilo Otoni. 

Aos 17 anos, já atuava na política. Representando os estudantes secundaristas de sua cidade, subiu no palanque do marechal Teixeira Lott quando, em 1960, esteve em sua cidade natal, pela campanha para a presidência da República.

Em 1961, transferiu-se para o Rio de Janeiro, passando a se alimentar no famoso restaurante Calabouço até 1964. Lá, vivenciou inúmeros movimentos estudantis e da classe operária, por melhores condições de ensino e trabalho em nosso país. Dessa forma, adquiriu uma visão crítica da sociedade, passando a lutar radicalmente contra as injustiças do capitalismo.

Em 1965, através de concurso público, foi admitido na PETROBRÁS, como auxiliar de escritório. Três anos depois, participou das eleições do Sindicato dos petroleiros do Estado da Guanabara, SINDIPETRO/GB, como membro da Chapa Verde, de oposição à política do governo ditatorial e em defesa do monopólio estatal do petróleo. Por tal participação, foi demitido, apesar de possuir imunidade sindical.
Entre março de 1965 até julho de 1969, estudou na Faculdade de Ciências Econômicas do antigo Estado da Guanabara, e, por participar da política sindical e estudantil contra a ditadura, na madrugada de 15 de agosto de 1969, sexta-feira, foi concretamente sequestrado (preso sem mandado judicial) em sua residência. Conduzido para o então Centro de Inteligência da Marinha (CENIMAR) e, posteriormente, transferido para o Quartel da Polícia do Exército (PE) da rua Barão de Mesquita na Tijuca, Francisco Soriano, após quatro dias, foi levado para outro Quartel da PE, na Vila Militar, onde continuou sendo interrogado sob tortura.
Reconduzido para o Ministério da Marinha, lá permaneceu de 28 de agosto a 27 de novembro de 1969, sendo recolhido à prisão da Ilha das Flores e, mais tarde, ao presídio da Ilha das Cobras (próximo ao Arsenal da Marinha) – sendo submetido a frequentes interrogatórios, sempre sequenciados por tortura moral e física.
Em 1970, por um ato secreto, foi impedido de estudar por três anos consecutivos, com base no Decreto 477, quando também foi indiciado e denunciado em Inquérito Policial Militar – instaurado pelo 1º Distrito Naval para apurar as atividades do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, PCBR.

Ainda em 1970, casou-se com Ivone Espínola de Souza Nunes e se mudou para Campina Grande (PB), sua valente companheira, falecida em 2014, com quem teve quatro filhos.

Em fevereiro de 1974, matriculou-se na Faculdade de Ciências Econômicas de Universidade do Estado da Paraíba, tentando assim concluir o curso de Economia.  Ao pedir transferência de universidade, foi localizado pelo Serviço de Informações do Ministério da Educação, onde constava como procurado. Francisco Soriano foi sequestrado pelo DOI/CODI em 16 de abril de 1974, sendo levado para um quartel do IV Exército em Recife. No trajeto, sofreu simulação de fuzilamento numa autoestrada deserta entre João Pessoa e Campina Grande, quando o fizeram sair encapuzado de uma viatura, atravessar a pista e, antes que embarcasse na outra, os agentes dispararam várias rajadas de tiros para o alto.

Francisco Soriano permaneceu incomunicável durante 15 dias, respondendo a interrogatórios de olhos vendados por longos períodos de pé, algemado na grade da cela, enquanto recebia choques elétricos nas partes mais sensíveis do corpo, até ser solto, numa madrugada da esquina da rua onde morava.

Durante dez anos, ele respondeu ao processo 73/69, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), como indiciado. Em todas as audiências, seu nome era divulgado pela justiça militar para os grandes órgãos de imprensa, buscando maculá-lo junto à sociedade. Só em 30 de outubro de 1978, foi finalmente absolvido conforme acordo transitado em julgado pelo Superior Tribunal Militar. 

Em 1985, Soriano retornou finalmente à PETROBRÁS como anistiado político, ficando lotado na Área de Planejamento Econômico – SERPLAN, na função de Assistente Técnico de Administração. 

Centenas de resistentes do regime ditatorial foram mortos na tortura e dados como desaparecidos. Mas os algozes do autor jamais conseguiram fazê-lo capitular e parar de lutar por um Brasil soberano e por uma sociedade mais justa e solidária, como um ativista de linha pacifista. Nos movimentos populares, sociais e pela anistia, ele mergulhou de corpo e alma, tornando-se membro da direção da Associação Nacional dos Anistiados Políticos da Petrobras.

Em 2002, foi eleito diretor do Sindicato de Petroleiros do Rio de Janeiro – Sindipetro-RJ – e sucessivamente reeleito até 2018.

Soriano atuou com o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro para o resgate da memória dos resistentes, muitos deles hoje nomes de logradouros públicos. 
Para contar com mais um veículo de comunicação, ele fez teatro com o Centro de Teatro do Oprimido (CTO), tendo atuado nas peças “O Dragão e a Galinha de Ovos de Ouro Negro” e “Alca e Alcântara”, dirigido pelo dramaturgo Augusto Boal.

O autor gosta de ressaltar que Barbosa Lima Sobrinho, como diretor do Movimento em Defesa da Economia Nacional – Modecon, foi seu grande mestre. Com ele, Soriano aprendeu a lutar sem revanchismo, conjugando nacionalismo com democracia e justiça social. Barbosa Lima Sobrinho ensinou-lhe também que todos os irmãos brasileiros, civis e militares agora precisam se unir, estudar muito e batalhar pela soberania nacional, hoje, mais do que nunca, perigosamente ameaçada.

Em 3 de julho de 2008, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo Decreto Legislativo n° 732/2008 concedeu ao autor o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro, entregue pelo vereador Eliomar Coelho, em seção nobre, presidida pelo vereador Rubens Andrade. 

Pela Resolução 238/2011, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ALERJ, conferiu a Francisco Soriano de Souza Nunes o título de Cidadão Fluminense, entregue em sessão solene de 8 de setembro de 2011, presidida pelo deputado Paulo Ramos.

Francisco Soriano é também um amante da música, toca vários instrumentos e passou muitos períodos da sua vida experimentando acordes, flutuando em melodias e compondo. Uma delas, a “Valsa Sentimental”, faz parte da trilha sonora do documentário. Em 2014 e 2021 reuniu algumas de suas composições, respectivamente, nos CD’s “Tentações” e “Desejo”. As músicas dele podem ser baixadas gratuitamente na seção PAIXÃO PELA MÚSICA no site agrandepartidaanosdechumbo.com.br. 

Há mais de uma década, o autor de “A Grande Partida: Anos de Chumbo” atua como um dos membros da diretoria colegiada da TV Comunitária do Rio de Janeiro, onde milita com dedicação exclusiva nas comunicações para, segundo ele, aprimorar a consciência crítica ou o discernimento dos brasileiros. Soriano luta pela democratização da mídia, defendendo a política de inserção social, com uma economia solidária e uma educação emancipadora.

Embora não praticante, o escritor foi batizado, recebeu o sacramento da Crisma e se casou na Igreja Católica. Ele revela se identificar com a Teologia da Libertação e ser ecumênico. Francisco Soriano condena o capitalismo e defende um socialismo com liberdades plenas.  

O escritor faz questão de registrar que seu pai atuou junto a maçonaria para, além de preservar a sua vida, lutar pela sua liberdade quando ele era sucessivamente sequestrado sob a falsa justificativa de que “era preso para averiguações”. 
Enquanto Mestre Maçom Instalado, detentor do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, ligado ao Grande Oriente do Brasil, Soriano faz parte do movimento não institucional “Maçons pela Democracia”, que defende um Brasil livre, fraterno e progressista. 

Afinal, os maçons redigiram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, base doutrinária das constituições da França e dos Estados Unidos, posteriormente transformada em resolução da ONU. Quando a maçonaria universal lutou pela Independência, Proclamação da República e Abolição da Escravatura, ela estava apenas sendo fiel a sua trilogia de Liberdade-Igualdade-Fraternidade. ”

Um segundo livro contendo, segundo avalia Francisco Soriano, uma coletânea de suas mais tocantes entrevistas com nomes de peso na política, economia e educação, entre outras, já se encontra no prelo.

Francisco Soriano