A grande partida:

anos de chumbo

Com o objetivo de que a história dos anos de chumbo não seja nunca esquecida e possa sempre estar ao alcance do maior número de pessoas, sobretudo dos jovens, desconhecedores dessa triste página da nossa história, o autor Francisco Soriano produziu também a versão eletrônica do livro A GRANDE PARTIDA: ANOS DE CHUMBO.

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Editora Parma

Sobre o projeto

A Grande Partida: Anos de Chumbo é um projeto amplo que compreende a edição do livro escrito pelo economista Francisco Soriano narrando as experiencias vividas na luta legal e clandestina, sua e de seus companheiros, na busca pela libertação da sociedade brasileira submetida ao terrorismo do Estado policial; a produção de um documentário homônimo, trazendo inúmeros relatos com informações preciosas dos últimos cinqüenta anos do Brasil e a a realização de lançamentos e palestras para estudantes e público em geral, em todas as capitais do país, empreitada que o autor vem realizando desde 2012, com o ojetivo de levar ao maior número de pessoas, informação sobre esse triste período de nossa história para que não permitamos que ele se repita JAMAIS.

O livro publicado em 1ª edição, em 2006 e em segunda edição, revista e ampliada em 2010 tem todo o lucro de sua venda revertido para o GRUPO TORTURA NUNCA MAIS do Rio de Janeiro.

O documentárioUm CD é parte integrante do livro.

Buscando ampliar ainda mais a possibilidade de circulação das preciosas informações sobre os anos de chumbo o livro é agora também oferecido para download, com gratuidade, em versão E-PUB.

O autor é também um amante da música, toca vários instrumentos e passou muitos períodos da sua vida experimentando acordes e compondo músicas. Uma delas faz parte da trilha sonora do documentário. Em 2014 reuniu algumas de suas composições em um CD. Suas músicas também podem ser baixadas, com gratuidade, neste site na seção PAIXÃO PELA MÚSICA.

… Nego, vai fundo. Quem sobreviver escreva e divulgue a história dessa luta, que, apesar de trágica, é correta e justa. Conte-a para o povo.”

José Milton Barbosa, morto sustentando o fogo para dar fuga a outros companheiros, para quem Soriano dedica este livro.

Quando a gente quebra o silêncio, quebra o esquecimento, a gente está afirmando que valeu a pena.

Cecília Coimbra, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro.

Contracapa

Um olhar transparente e risonho, mãos ágeis extraindo beleza e ritmo do acordeom, um coração incondicionalmente terno e solidário: estes são traços marcantes dos meus primeiros encontros com Francisco Soriano.

 

Quem poderia adivinhar que, por trás deles, se escondesse uma história de tremendo sofrimento físico, mental e psíquico, infligido pelos carrascos da ditadura militar que oprimiu o Brasil durante 21 anos do século 20, em nome dos interesses do grande capital transnacional, com a cumplicidade das elites brasileiras e das instituições financeiras multilaterais?

 

Soriano escreveu A Grande Partida: Anos de Chumbo com o cérebro e o coração. Ele não se limita à narração dos fatos que vivenciou, mas explora com a maestria de um pensador crítico e compassivo os meandros dos sentimentos dele próprio e daqueles que fizeram e fazem parte da sua teia de relações.

 

Ele compartilha conosco, seus leitores e leitoras, ricos detalhes da sua trajetória pessoal, trazendo-nos para a intimidade dos seus valores mais profundos, desafios mais dramáticos e sublimes esperanças.

 

Outro valor desta preciosa narrativa é o de ilustrar a realidade da opressão da ditadura militar brasileira a partir de uma história pessoal e coletiva concreta, de luta, prisão, tortura e teimosa resistência. Uma história cujo epílogo é a vitória da resistência de Soriano a todos os horrores e a reafirmação da Vida e da Esperança.

 

Pois só alguém, que construiu em si um espírito forte, compassivo e terno, teria condições de sair desse calvário cheio de disposição para continuar se desenvolvendo e, ao mesmo tempo, continuar atuando na luta pela emancipação do povo e da Nação brasileira.

 

Marcos Arruda

Socioeconomista, um dos mais importantes defensores da Economia Solidária

Orelha

Vim a conhecer o autor de A grande partida:Anos de Chumbo no Movimento em Defesa da Economia Nacional (MODECON), então presidido por Barbosa Lima Sobrinho. Desde logo encantaram-me em Francisco Soriano as qualidades humanas de pessoa cordial, fraterna e prestativa. Juntos participamos de várias lutas até que veio a honrar-me com o convite para a apresentação de seu livro de memórias.

 

Soriano nele faz um inventário de episódios de sua vida de militante, a que foi levado por uma precoce preocupação com a questão social e com os desdobramentos da luta pelo desenvolvimento do país na conjuntura do início dos anos 60. Preocupações que foram comuns a todos os jovens daquele tempo, que com ele comungaram os mesmos dilemas, as mesmas perplexidades e as mesmas angústias.

 

De repente, a fúria iconoclasta dos profetas do passadismo abateu-se com violência sobre o Brasil. Setores civis inconformados com as mobilizações populares empurraram os militares para a arena política. É bom que se lembre: não foram os militares sozinhos. Foram civis oportunistas e irresponsáveis, frustrados por sucessivas derrotas eleitorais, que os arrastaram à intervenção na vida política brasileira. Nesse sentido, considero incorreto referirmo-nos a governos “militares”. Na verdade, eles sempre tiveram grande participação civil.

 

O golpe de 1964 foi o grande choque da nossa geração. Foi o divisor de águas. Ali nossos sonhos rolaram ribanceira abaixo e a brutalidade dos “donos” da situação obrigou-nos a um rápido amadurecimento, talvez até precoce em companheiros mais jovens. 1964 marcou-nos pelo resto da vida: a universidade castrada, vocações políticas frustradas no nascedouro, salas de aula infiltradas por agentes da repressão e, para resumir, um clima de obscurantismo que tolheu as mais legítimas manifestações da inteligência nacional.

 

A truculência da reação pegou-nos de surpresa. Não há espaço para analisar se o golpe era ou não inevitável, ou se a esquerda cometeu erros. O fato é que os jornais foram tão perseguidos, que alguns acabaram por fechar. Dos “grandes”, sobraram no Rio O Globo e o Jornal do Brasil, hoje moribundo. Esta é a origem do monopólio do “sistema” Globo. A ditadura empresarial-militar já se foi; a de O Globo persiste, caso único mundial de monopólio de informação: rádio-jornal-TV. O maior partido de direita do Brasil. Nem Silvio Berlusconi, magnata italiano das comunicações e primeiro-ministro de seu país, conseguiu tanto.

 

É toda uma época que desfila ante nossos olhos: prisões, cassações, ameaças, violências, sequestros, interrogatórios, torturas, censura, atentados a bomba contra livrarias, bancas de jornais e instituições respeitáveis como a OAB e ABI, intimidações a advogados das vítimas. Como, aliás, revelam marcantes depoimentos, em apêndice, do advogado Modesto da Silveira, do professor Rubim Leão de Aquino e do jornalista Mário Augusto Jakobskind.

 

A “Galeria de Heróis” que Soriano inspiradamente inseriu em seu livro permite-nos um voo, ainda que curto, sobre os ideais, os sonhos e os desejos de mudança de toda uma geração. Sente-se nessas páginas a presença de um altruísmo que só a generosidade dos jovens admite. Mais do que uma dívida consigo próprio, paga Soriano, com este livro, uma dívida com a sua geração. E seus heróis, onde quer que estejam, verão que não foram esquecidos e haverão de entreolhar-se, comovidos, e repetir pela eternidade que os sonhos não morrem jamais.

 

Edson Teixeira Queiroz

Diretor Cultural do MODECON – Movimento em Defesa da Economia Nacional

 

Prefácio

Está imperdível!

Ampliada e enriquecida, é publicada a 2ª edição de A Grande Partida: Anos de Chumbo de Francisco Soriano, reclamada por muitos dos que não conseguiram seu exemplar da primeira, que foi rapidamente esgotada. Novos personagens, capítulos, fotos e apêndices agora saltam à nossa frente, reavivando a memória dos menos jovens e revelando mais histórias aos jovens, que não viveram o período da tristemente célebre ditadura dos generais, entre 1964 e 1985.

Para uns e outros valeu a pena esperar. Por si sós, esses novos fatos e personagens mereceriam detalhamento em outras obras específicas.

Assim é com o capítulo “Trama Imperial”, em que o embaixador americano da época, Lincoln Gordon, e o coronel Vernon Walters, diretor da CIA, entram em cena. Com eles, os generais brasileiros Castelo Branco, Cordeiro de Farias, Sizeno Sarmento, Golbery do Couto e Silva e outros, tramaram o golpe.

“E o Operário Disse: NÃO!”, “Cálice” e “A Verdadeira História” são outros dos acréscimos, que fustigam nossa memória, com repulsa natural aos torturadores e simpatia carinhosa aos torturados, mortos e desaparecidos.

Outros capítulos também se materializam diante de nós, como se a vivência fosse agora; como se aqueles acontecimentos épicos estivessem se desenvolvendo diante de nossos olhos, neste momento da leitura: é o caso dramático do sargento José Milton Barbosa.

Quem conhece também o caso dos jornalistas Luiz Edgar de Andrade e Jarbas da Silva Marques – este com mais de 10 anos nos cárceres políticos da ditadura – cobra, de biógrafos, livros específicos. Esses e outros heróis da resistência e do humanismo despertam nossa simpatia, como os irmãos Morais Coutinho, dentre os quais o médico Alcedo, cuja biografia Soriano inscreveu na “Galeria de Heróis” – Apêndice I deste livro e que foi companheiro do grande líder vietnamita Ho Chi Minh.

Soriano expõe toda uma galeria de idealistas valentes, que se destacam nesta nova edição. Muitos deles foram mortos já maduros, na tortura ou fora dela; outros foram assassinados ainda quase meninos, pelo “crime” de terem sonhos generosos, humanísticos ou de tentarem torná-los realidade para todos.

Nesta edição, a longa lista de torturados, mortos e desaparecidos antecede o apêndice de experiências profissionais de lutas contra a ditadura. Um desses apêndices registra até uma das confissões feitas por torturadores.

O livro está de tal maneira escrito que merece se tornar referência de estudos do século XX, sobretudo para alunos de História.

Revela muitos sofrimentos; mas, de permeio, é suavizado pelo delicado romance do Soriano quase adolescente com Maria Clara. Depois, paixão por Ivone, sua companheira de vida.

“Nossos inimigos de classe não alcançam que nascemos principalmente para cooperar e que a busca pela liberdade é algo intrínseco ao ser humano. É exatamente por isso que os venceremos”, são fragmentos da carta que Soriano escreveu para sua companheira, Ivone, na prisão da ilha das Flores.

Além das vozes coadjuvantes de textos e depoimentos, Soriano escreveu de forma clara, sem ódio revanchista.

As expressivas ilustrações de João Sánches na capa, de Leda Aquarone e Mega nos capítulos, enriquecem a leitura. Elas nos fazem lembrar que o autor é um exímio campeão de xadrez. Eu o vi ganhar ou empatar muitas das dezenas de partidas simultâneas em que ele, sozinho, enfrentava os melhores jogadores, seus conterrâneos de Teófilo Otoni. Foi ao final desse espetáculo de inteligência, sensibilidade e resistência que compreendi por que havia derrotado tantos torturadores simultâneos: saiu de filiais do inferno vivo, íntegro, sem ódios.

Soriano conduz o leitor a tornar-se um enxadrista a cada lance desfechado pelos resistentes, como movimentos de uma partida imortal de xadrez.

Continua tranquilo e presenteando à Ivone, fiel parceira, aos filhos, parentes e amigos seu riso de criança, em folguedos e travessuras de manhãs de primavera. Mistura sempre seu sorriso às notas musicais dos instrumentos que toca bem. Por vezes, dá um xeque-mate verbal, de permeio a um riso maroto, em traquinices de menino grande.

Além de Ivone, seus quatro filhos podem falar melhor sobre o autor e o livro: Geraldo e Ruth nasceram com ele às voltas com suas prisões políticas; Sarah e Túlio, já com ele lutando por uma anistia e pela de seus companheiros de sonhos.

Eu fui apenas seu advogado, no desespero; hoje sou o amigo de dias melhores, mas não concluídos.

O livro retrata Francisco Soriano em suas dramáticas experiências com a ditadura e o altruísmo socialista; com sonhos humanistas da “utopia”, que ele tenta converter em “topia” do bem para todas as pessoas.

Este é o autor e o livro que vejo nesta 2ª edição de “A Grande Partida: Anos de Chumbo”. Imperdível!

Antônio Modesto da Silveira

Advogado – um dos mais atuantes defensores de presos  políticos